Segundo secretário de políticas culturais do Ministério da Cultura, José Luiz Herencia, o texto da Lei Complementar passará por uma revisão. Pela nova regra, sancionada em 19 de dezembro de 2008, a Lei Complementar altera a classificação das atividades culturais, fazendo com que as alíquotas pagas por atores e produtores de conteúdo cultural de pequeno porte tenham seus impostos ampliados.

No ano passado, o governo beneficiou o setor com a inclusão da classe artística no Simples Nacional. Somados, os impostos ficavam em torno de 9%. Agora, as taxas podem atingir até 28%.

“Estamos em discussão com a Casa Civil e com os ministérios da Fazenda e do Planejamento para rever essa posição”, declarou o secretário em matéria publicada no jornal Valor Econômico de hoje, dia 03. A expectativa, segundo ele, é que as empresas culturais de pequeno porte sejam excluídas da regra.

Com base em dados do IBGE de 2005, o Minc calcula que 5% das empresas brasileiras estão ligadas à atividade cultural, o que representa mais de 153 mil empresas. O setor emprega 4% da mão-de-obra do país ou cerca de 1,17 milhão de pessoas. O problema é que a maioria delas (53%) atua na informalidade, situação estimulada pela alta carga de impostos.

Na mesma matéria, o produtor de teatro e ator profissional há 39 anos, Odilon Wagner, disse ter ficado perplexo com a medida. “Como artista e produtor, fiquei chocado com tudo isso, inclusive com a isenção do Ministério da Cultura, que não participou de uma decisão tomada às pressas, sem o menor espaço para debate”. Em dezembro, o produtor recolheu 9% de impostos. No mês passado, a taxa subiu para 18%. “É um absurdo, o governo está dando um tiro no pé ao punir um setor que já foi um dos mais prejudicados no orçamento da União”, completou.

Segundo Herencia, o objetivo da legislação era fazer com que empresas que usam mão-de-obra intensiva conseguissem reduzir sua carga tributária. Ocorre que a maioria das produções culturais está atrelada a contratos temporários e por esse motivo, o artista opta em abrir uma microempresa que o represente como pessoa jurídica.

Para o maestro Júlio Medaglia, os efeitos imediatos da medida são o aumento da informalidade e a diminuição da produção cultural, já que a tributação onera toda a cadeia. “Eu pagava uma taxa de 12% de impostos, mas neste mês ela subiu para 27%”, comentou na mesma matéria.

* Com informações do jornal Valor Econômico – André Borges


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Jornalista e sócia da empresa CT Comunicações.

4Comentários

  • jorge, 5 de março de 2009 @ 16:02 Reply

    é claro que precisa revisar e urgentemente!
    esperamos notícias rápidas sobre esse absurdo sem nenhum aviso à classe.
    mais uma luta, com certeza! não podemos nos regulamentar e nos planejar nesse país! espero que haja uma votação e sancionamento rápido, para o setor não morrer mais uma vez.
    attn
    jorge langone

  • Aninha Franco, 7 de março de 2009 @ 11:59 Reply

    Prezados,

    Meu nome e e-mail estão em todos os “Deixe o seu comentário” da Cultura e Mercado… Não tenho tanto fôlego, por favor, consertem. Obrigada, Af.

  • Sandra Pedroso, 8 de março de 2009 @ 1:21 Reply

    Alem do Ministerio da Cultura nao ter participado foram os senadores que se dizem amigos da cultura ter aprovado e discutido sem levar ao conhecimento da populacao interessada.
    Agora mudança somente para 2010, esse ano esta perdido. Duvido que os nobres deputados e senadores facam uma revisao da lei em regime de urgencia para de repente de algum jeito valer para o segundo semestre.
    Onde estao os senadores e deputados amigos da cultura? Vamos lebrar deles em 2010.

  • Lira, 25 de março de 2009 @ 11:47 Reply

    Qual o seu contato Aninha?

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